Precisamos ter parâmetros para compararmos.
Comparamos o tempo todo. Neste exercício banal descobrimos o melhor e o pior, o bom e o ruim, o saudável e o doentio, o certo e o errado de cada um ou para cada um. Desta forma justificamos e validamos nossas fraquezas e nossas certezas, mutáveis ou inabaláveis.
Esta semana tive uma experiência de observação e comparação que me fez avaliar alguns aspectos através da natureza. Sob o prisma do natural.
Durante 5 anos eu tive o sol batendo no terraço do meu apartamento. Não havia nem a esquerda, nem a direita, nem aos fundos nenhum prédio que impedisse a entrada da luz e da energia solar na minha praia artificial aqui na serra. Havia apenas um pequeno prédio de 3 andares na diagonal que eu nunca o percebera até então, mas que todos os dias o sol passava por ele, e, no outono e no inverno escondia-se ali por algum tempo.
Faz uns dias, após muitos de chuva, que eu vou ao meu reduto de alegria, ora mexer nas plantas, estender roupas no varal ou simplesmente parar sob o sol. Acontece que há pouco mais de um ano um prédio de 10 andares foi construído nos fundos da minha casa, terreno com terreno. Perdi umas 3 horas de sol todos os dias. Entre 11 e 14 horas minha vida é tomada de sombra.
Nestes últimos dias, os mais frios das últimas décadas conforme a imprensa anda divulgando, observei, comparei e conclui que a cada dia o sol altera a sua trajetória (a Terra na realidade) e faz um desenho diferente no céu. Ele continua sumindo por algumas horas atrás dos 10 andares, porém, o prédio azul que sempre roubou a claridade no final das tardes, e na qual eu nunca havia me importado, hoje faz a diferença pelo seu pequeno porte. Diariamente, com o passar da estação, o sol cumpre sua jornada mais distante dele e com isso eu vou ganhando luminosidade, temperatura e energia. Ganho vida.
Cada segundo a mais de sol é uma benção. Por anos tive muito e pouco, ganhava e perdia sem dar valor. Hoje o pouco que me é devolvido é muito. Como diz uma amiga: quando você perde é que você começa a ganhar.
O sol dá a treva e a luz. cada um de nós precisa descobrir onde vê a beleza.
Algumas coisas são cíclicas, devemos esperá-las assim como o dia, a noite e as estações. O sol sempre volta...e a noite também.
Algumas coisas não podem ser derrubadas, são fronteiras indestrutíveis, construções inabaláveis. Tirarão para sempre nossa energia.
Mas há uma solução, podemos mudar de apartamento.
Ah meu caro....nós podemos mudar se não estivermos contente com o pouco de sol que bate em nosso terraço!
(Lisa Susin/julho de 2011)
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